Pauperia
Caingangues pedem apoio na prefeitura
Acampados há meio ano em terreno em frente à rodoviária, local não oferece água potável e risco às crianças que brincam à beira da rodovia
Paulo Rossi -
Por Victor Costa
Sem estrutura, água potável e com crianças que brincam na beira de uma rodovia e dormem com as mesmas roupas que vão para a escola. A realidade dos 52 índios caingangues que, há seis meses, vieram de Chapecó (SC) e hoje habitam a margem da BR-293, é essa em Pelotas.
O pedido de um local fixo para viver, feito na edição do Diário Popular da última segunda-feira, foi oficializado nesta quarta-feira (13), através de uma reunião entre os representantes da comunidade indígena, a vice-prefeita Paula Mascarenhas (PSDB), secretários municipais e o núcleo de advocacia popular da Universidade Católica de Pelotas (UCPel).
Apesar de ser localizada em Pelotas, a área onde os caingangues vivem não é do município, mas sim, do governo federal, por se tratar de uma BR. O grande fluxo de carros e caminhões próximo ao local o caracteriza como uma zona de risco. Segundo um dos representantes dos índios, a mudança de localização é emergencial. "O inverno tá chegando, tem um período de chuvas grandes vindo por aí", disse. A vice-prefeita afirma que esta é uma responsabilidade da Fundação Nacional do Índio (Funai) e não do Poder Público, mas, mesmo assim, a prefeitura buscará contribuir para que as famílias não vivam mais em área de risco. A alternativa pensada pelo grupo foi o espaço do Ecocamping, no Laranjal, onde visitaram e se encantaram.
Segundo Paula, no momento esta opção é inviável, já que a área está interditada por não ter licenciamento ambiental. "O ecocamping é em uma área de preservação. Existem problemas sérios, tanto jurídicos quanto ambientais. Se colocássemos eles lá, estaríamos cometendo um crime", afirmou. Uma possibilidade pensada pela prefeitura é destiná-los para algumas áreas municipais na zona rural, que ainda não foram elencadas, já que, de acordo com ela, não havia ocorrido nenhum contato entre os índios e os gabinetes dos prefeitos até a semana passada. Nos próximos dias deverá ser realizada uma reunião entre a vice-prefeita e a Funai para avaliar o que pode ser feito. Além disso, os índios devem visitar alguns pontos mapeados pela prefeitura para ver onde se adaptariam melhor.
O professor da UCPel, Reinaldo Tillmann, fez a intermediação entre os caingangues e a prefeitura. Ele acompanha a comunidade há aproximadamente dez dias e alerta para um possível esquecimento da proposta inicial dos índios. "A solução temporária é ótima e necessária, mas não podemos deixar que ela faça com que esqueçamos da intenção deles", disse.
Futuro do ecocamping
Quem fazia a gestão do Ecocamping, interditado desde dezembro de 2015, era a Empresa Municipal do Terminal Rodoviário de Pelotas (Eterpel). Segundo o secretário de Qualidade Ambiental, Fabrício Tavares, um projeto está sendo elaborado para a criação da primeira unidade de conservação ambiental na cidade. A análise ainda está em fase inicial, mas a proposta deve abranger toda a região da mata do Totó, Barro Duro, uma parte do Pontal da Barra. O objetivo é preservar 100% o que ainda resta de mata atlântica na região.
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